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quarta-feira, junho 04, 2008

A verdadeira tarde em Itapuã



Por Leonardo Coutinho


"É bom... passar uma tarde em Itapuã, ao sol que arde em Itapuã, Ouvir o mar de Itapuã, falar de amor em Itapuã”. Enquanto os belos versos do “poetinha” Vinicius de Moraes encanta ao mundo, a Itapuã não é mais a mesma.
Especulações e glamour à parte, ainda que o sol brilhe, ainda que o mar fale, ainda que o amor floresça, a Itapuã não é mais a mesma.
Aquela Itapuã da colônia de pescadores, aquela Itapuã do silêncio da manhã, aquela Itapuã da brisa pela tarde.
A Itapuã onde todos se conheciam, a Itapuã da cordialidade, a Itapuã da amizade. Da Sereia até o Abaéte, do vendedor de peixe ao menino que empina sua pipa na rua descalço, das lavadeiras as baianas de acarajé, A Itapuã não é mais a mesma.
Das feiras aos shoppings, da terra ao asfalto, da calmaria ao transtorno, das casas coloniais ao emaranhado de favelas, da paz entre todos a violência extrema, a Itapuã não é mais a mesma.
Ah! O farol de Itapuã, o mar de Itapuã, as sereias de Itapuã... Como poderia esquecer? As rodas de capoeira em Itapuã.
Da tradição ao esdrúxulo, até a lavagem de Itapuã não é mais a mesma. O samba de roda deu lugar ao trio elétrico, a tradicional cavalgada perdeu lugar para milhares de pessoas amontoadas, que na sua maioria não sabe o significado da lavagem de Itapuã.
ÉÉÉÉ Itapuã!!! O quanto você nos deu em alegria, nós estamos tornando em tristeza. Da sua pedra de onde se origina (Ita, do Tupi = Pedra), a sua ponta (Puã, do Tupi= Ponta), passando por sua tradição que lhe nomeia Itapuã “pedra que ronca”.
É! Os versos do “poetinha” se fossem escritos hoje poderiam ser assim: A tarde em Itapuã é tão morta quanto as flores no outono, o sol de Itapuã está tão frio quanto uma noite de lua cheia no inverno, o mar de Itapuã está tão silencioso como o fundo do oceano, ninguém fala mais de amor em Itapuã.

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