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terça-feira, junho 24, 2008

TV OFICIAL

Venho acompanhando o posicionamento de alguns setores com relação a TV BRASIL. Criticas sobre os desvidos da idéia inicial estão nos principais meios de comunicação do país. No início dava até para acreditar um pouco que era um proposta interessante para tornar mais profissional a comunicação entre os serviços públicos, ou melhor oficiais, de comunicação aqui no Brasil, melhorar a qualidade da produção, com recursos técnicos e principalmente humanos. Não é dificil de entender, num país onde o serviço público continua sendo um grande cabide de empregos, agora via cargo de "confiança", nada mais normal que existam serviços de comunicação que não se comunicam. Posso falar com conhecimento de causa por já ter trabalhado na TVE da Bahia em trës oportunidades, na última delas entre abril de 2005 a abril de 2006 como chefe do departamento de jornalismo. Sempre era mais fácil a comunicaçao e a cooperação com redes privadas do que com as TVS educaticas de outros estados. Mas sem disfarçar muito a tal TV Brasil começa a mostrar realmente para que veio. O exemplo mais recente foi a cobertura, se é que pode ser chamada assim a transmissão dos festejos juninos em alguns estados do nordeste, incluindo a nossa Bahia. A TVE-Ba estava ao vivo do centro histórico em Salvador de Amargosa e Senhor do Bonfim. No comando da transmissão da TV Brasil, um ancora com pouca intimidade com a festa chamava as praças onde aconteciam os shows, quando começava a ficar bom ele chamava outro lugar, sem se preocupar com uma continuidade. Elemento básico para dar sentido a informação, se é que tinha alguma intenção nesse sentido. Até ai tudo bem, inclusive com alguns avanços na área técnica. A vinhera era de gosto duvidoso. O que me chamou muito a atençao foram os patrocinadores do Arraial Brasil - O São João do Nordeste, no caso, os governos da Bahia, Pernambuco e Sergipe. Além da Petrobras, Caixa e Banco do Nordeste todos oficiais ou seja, entrando pesado em ano de eleição, com dinheiro público. Outro fator que me chamou a atençao foi o tom da transmissão. Ali estaria sendo apresentado o verdadeiro São João nordestino. Mentira. O verdadeiro São João nordestino, hoje pode até agregar os grandes shows em palcos com enorme infraestrutura, mas ele é muito mais rico que isso. Ele tem história, tradições que proporcionam um lindo espetáculo para a TV a exemplo das quadrilhas, a culinária, as roupas, a simbologia das fogueiras o deslumbre da queima de fogos. Isso sem falar da música, da dança, da poesia que as letras dedicam a beleza e resistencia do povo nordestino. Claro que o melhor é o jeito, o comportamento da gente simples do interior, local onde a festa é realmente mais gostosa. Nada disso apareceu ao vivo na TV Brail. É uma pena. A transmissão pecou justamente por só chamar a atenção do telespectador para a banda famosa que o candidato a prefeito contratou este ano. Sem dúvida nada foi pensado ou combinado para as exigencias que uma transmissão de TV pede, principalmente no que se refere a cenário, luz e som. Tudo sendo exibido sem critério, aliás ao gosto de cada praça sem um padrão minimo de qualidade para uma festa tão bela como o São João e o que é pior gastando o nosso dinheiro.

quarta-feira, junho 04, 2008

A verdadeira tarde em Itapuã



Por Leonardo Coutinho


"É bom... passar uma tarde em Itapuã, ao sol que arde em Itapuã, Ouvir o mar de Itapuã, falar de amor em Itapuã”. Enquanto os belos versos do “poetinha” Vinicius de Moraes encanta ao mundo, a Itapuã não é mais a mesma.
Especulações e glamour à parte, ainda que o sol brilhe, ainda que o mar fale, ainda que o amor floresça, a Itapuã não é mais a mesma.
Aquela Itapuã da colônia de pescadores, aquela Itapuã do silêncio da manhã, aquela Itapuã da brisa pela tarde.
A Itapuã onde todos se conheciam, a Itapuã da cordialidade, a Itapuã da amizade. Da Sereia até o Abaéte, do vendedor de peixe ao menino que empina sua pipa na rua descalço, das lavadeiras as baianas de acarajé, A Itapuã não é mais a mesma.
Das feiras aos shoppings, da terra ao asfalto, da calmaria ao transtorno, das casas coloniais ao emaranhado de favelas, da paz entre todos a violência extrema, a Itapuã não é mais a mesma.
Ah! O farol de Itapuã, o mar de Itapuã, as sereias de Itapuã... Como poderia esquecer? As rodas de capoeira em Itapuã.
Da tradição ao esdrúxulo, até a lavagem de Itapuã não é mais a mesma. O samba de roda deu lugar ao trio elétrico, a tradicional cavalgada perdeu lugar para milhares de pessoas amontoadas, que na sua maioria não sabe o significado da lavagem de Itapuã.
ÉÉÉÉ Itapuã!!! O quanto você nos deu em alegria, nós estamos tornando em tristeza. Da sua pedra de onde se origina (Ita, do Tupi = Pedra), a sua ponta (Puã, do Tupi= Ponta), passando por sua tradição que lhe nomeia Itapuã “pedra que ronca”.
É! Os versos do “poetinha” se fossem escritos hoje poderiam ser assim: A tarde em Itapuã é tão morta quanto as flores no outono, o sol de Itapuã está tão frio quanto uma noite de lua cheia no inverno, o mar de Itapuã está tão silencioso como o fundo do oceano, ninguém fala mais de amor em Itapuã.